E vamos à correção da questão nº 7 da Prova de História do Vestibular UFRGS 2017! Nesse ano, a UFRGS fez uma prova com um nível de exigência maior, cobrando do candidato informações mais precisas, detalhes e demonstrou o quanto quer um aluno cada vez mais qualificado na universidade. A questão nº 7 exigiu do aluno saber interpretar o que ele aprendeu na escola. Não trouxe uma questão só de "decoreba", mas exigiu atenção e interpretação.
Eis a questão:
Antes de mais nada, vamos ao básico. O que é Império nesse caso? Um extenso território geográfico não-contínuo (ou seja, esses territórios não estão todos "colados" um no outro, podendo estar distribuído por vários continentes) governado por um mesmo soberano. E o que seria ultramarino? Que se estende para além do mar. No caso português, avançava o Oceano Atlântico atingindo as terras brasileiras. Também avançava o Oceano Pacífico e o Mar Mediterrâneo chegando à possessões na Ásia. Importante ressaltar que, embora Portugal fosse o primeiro país europeu a se lançar nas grandes navegações "conquistando" diversos territórios, não considerava possuir um império, diferentemente dos britânicos, por exemplo.
O primeiro território a ser conquistado pelos portugueses foi a cidade islâmica de Ceuta, no norte da África, em 1415.
Vamos à questão:
( F ) Não podemos dizer que o território imperial português era homogêneo. Isso porque, devido a grande distâncias entre as colônias e a metrópole (Lisboa), havia grande autonomia nas províncias. Além do governo português ter sido relativamente fraco ao longo dos séculos XV e XVIII (lembremos que não houve Absolutismo em Portugal, então o poder nunca esteve concentrado nas mãos de um rei forte e com poderes absolutos), a distância entre as províncias dificultava o poder de fato do rei. Imagina: você é um capitão-donatário no Brasil do século XVI e recebeu do rei uma das capitanias hereditárias. Por mais que posses fiel ao rei, na hora de tomar uma decisão imediata, por exemplo, se entrava em conflito com as tribos indígenas ou se fugia, tinhas autonomia para decidir. Até porque era característica do governo português distribuir as terras conquistadas sem dar um real suporte para a conquista delas, o que aumentava a autonomia e o poder das elites locais. Lembremos que, no Brasil, o Marquês de Pombal tentou fortalecer a presença da metrópole na colônia, mas não foi tarefa fácil num território já com quase plena autonomia política e econômica, com as elites locais tomando sozinha boa parte das decisões.
( F ) Aqui o aluno tinha que pensar e pensar e pensar um pouco antes de responder com convicção, mas isso não é possível num curto tempo de prova! Então, lembra assim, uma tradição medieval de governo é a distribuição de terras a nobres aliados que mantivessem sua fidelidade ao rei. E isso Portugal fez aos montes, como nas capitanias hereditárias, por exemplo. Então, o Império Português não rompeu com tradições medievais tentando aliá-las a medidas mais modernas.
( V ) Sim, o Império Português só se manteve graças ao comércio atlântico que permitia, por exemplo, a captura de escravos na costa da África e sua venda a preços elevados na América onde tais escravos trabalhariam como força de trabalho forçada nas plantações e engenhos de cana-de-açúcar ou na mineração ou na extração de pau-brasil que seriam levados a Portugal e revendidos ao restante da Europa.Aí se foram boa parte de nossas riquezas! Assim Portugal manteve-se economicamente por séculos.
( V ) Sim, o padroado régio foi uma aliança entre a Coroa portuguesa e a Igreja Católica na qual membros da Igreja ocupavam posições de destaque na administração metropolitano (podendo assim regular a questão dos costumes) enquanto a Igreja autorizava o rei a nomear bispos nas colônias. Ou seja, a Igreja tinha poderes sobre o reino e reino tinha poderes sobre a Igreja. Além disso, bulas e encíclicas papais só teriam validade no Império português se fossem aprovadas pelo rei. E a afirmação está correta pois a Igreja Católica foi um fator que unificou todo o império tão pouco homogêneo política e economicamente. Cada colônia tinha sua administração, suas explorações econômicas próprias, o uso da escravidão ou não, mas todas tinham a mesma religião, ou seja, a Igreja cumpria o papel de unificadora do extenso território além-mar.
Assim, a resposta correta é a letra E: F - F - V -V.
Até a próxima!
Eis a questão:
Antes de mais nada, vamos ao básico. O que é Império nesse caso? Um extenso território geográfico não-contínuo (ou seja, esses territórios não estão todos "colados" um no outro, podendo estar distribuído por vários continentes) governado por um mesmo soberano. E o que seria ultramarino? Que se estende para além do mar. No caso português, avançava o Oceano Atlântico atingindo as terras brasileiras. Também avançava o Oceano Pacífico e o Mar Mediterrâneo chegando à possessões na Ásia. Importante ressaltar que, embora Portugal fosse o primeiro país europeu a se lançar nas grandes navegações "conquistando" diversos territórios, não considerava possuir um império, diferentemente dos britânicos, por exemplo.
O primeiro território a ser conquistado pelos portugueses foi a cidade islâmica de Ceuta, no norte da África, em 1415.
Vamos à questão:
( F ) Não podemos dizer que o território imperial português era homogêneo. Isso porque, devido a grande distâncias entre as colônias e a metrópole (Lisboa), havia grande autonomia nas províncias. Além do governo português ter sido relativamente fraco ao longo dos séculos XV e XVIII (lembremos que não houve Absolutismo em Portugal, então o poder nunca esteve concentrado nas mãos de um rei forte e com poderes absolutos), a distância entre as províncias dificultava o poder de fato do rei. Imagina: você é um capitão-donatário no Brasil do século XVI e recebeu do rei uma das capitanias hereditárias. Por mais que posses fiel ao rei, na hora de tomar uma decisão imediata, por exemplo, se entrava em conflito com as tribos indígenas ou se fugia, tinhas autonomia para decidir. Até porque era característica do governo português distribuir as terras conquistadas sem dar um real suporte para a conquista delas, o que aumentava a autonomia e o poder das elites locais. Lembremos que, no Brasil, o Marquês de Pombal tentou fortalecer a presença da metrópole na colônia, mas não foi tarefa fácil num território já com quase plena autonomia política e econômica, com as elites locais tomando sozinha boa parte das decisões.
( F ) Aqui o aluno tinha que pensar e pensar e pensar um pouco antes de responder com convicção, mas isso não é possível num curto tempo de prova! Então, lembra assim, uma tradição medieval de governo é a distribuição de terras a nobres aliados que mantivessem sua fidelidade ao rei. E isso Portugal fez aos montes, como nas capitanias hereditárias, por exemplo. Então, o Império Português não rompeu com tradições medievais tentando aliá-las a medidas mais modernas.
( V ) Sim, o Império Português só se manteve graças ao comércio atlântico que permitia, por exemplo, a captura de escravos na costa da África e sua venda a preços elevados na América onde tais escravos trabalhariam como força de trabalho forçada nas plantações e engenhos de cana-de-açúcar ou na mineração ou na extração de pau-brasil que seriam levados a Portugal e revendidos ao restante da Europa.
( V ) Sim, o padroado régio foi uma aliança entre a Coroa portuguesa e a Igreja Católica na qual membros da Igreja ocupavam posições de destaque na administração metropolitano (podendo assim regular a questão dos costumes) enquanto a Igreja autorizava o rei a nomear bispos nas colônias. Ou seja, a Igreja tinha poderes sobre o reino e reino tinha poderes sobre a Igreja. Além disso, bulas e encíclicas papais só teriam validade no Império português se fossem aprovadas pelo rei. E a afirmação está correta pois a Igreja Católica foi um fator que unificou todo o império tão pouco homogêneo política e economicamente. Cada colônia tinha sua administração, suas explorações econômicas próprias, o uso da escravidão ou não, mas todas tinham a mesma religião, ou seja, a Igreja cumpria o papel de unificadora do extenso território além-mar.
Assim, a resposta correta é a letra E: F - F - V -V.
Até a próxima!
Muito bom. Obrigada.
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