Pular para o conteúdo principal

Correção do Vestibular UFRGS 2017 - Escravidão nas Américas

     Continuamos com a correção da Prova de História do Vestibular UFRGS 2017! Agora, uma questão relativamente simples sobre a escravidão nas Américas para quem tem uma noção básica do assunto e usou de sua astúcia para eliminar as alternativas erradas.
Resultado de imagem para escravidão nas américas

     Eis a questão nº 6:
     O pequeno texto apresentado na questão indica que a escravidão nas Américas está inserida no contexto do que Blackburn chama de "primeira globalização", quando as grandes navegações permitiram aos europeus expandir seus impérios para além do território do Velho Mundo, ao atravessar o oceano e conquistar terras ainda não dominadas pelas potências europeias. Essa foi a primeira fase do Capitalismo, chamada de Capitalismo Comercial. Ela permitiu a formação do sistema capitalista com a expansão do comércio internacional. Além disso, o período foi caracterizado pela formação de colônias tanto na América quanto na África, cujo objetivo era a captura de escravos para o trabalho no "Novo Mundo".

     Nessa fase do Capitalismo Comercial foi praticado o Mercantilismo, um conjunto de práticas calcado na busca e no controle direto de matérias-primas e metais preciosos (metalismo) com uma intensa troca comercial internacional. Como principal força de trabalho foi usada a mão-de-bora escrava africana, capturando escravizados em colônias africanas e levando-os para o trabalho forçado na América.

     Sabendo disso, vamos às alternativas sobre a institucionalização da escravidão no Novo Mundo, ou seja, uma escravidão institucionalizada, que fazia parte do pensamento do Estado, aceita e planejada dessa forma:

( A ) Está correta! A expansão do Mercantilismo a partir da Europa levou à busca por matérias-primas e produtos tropicais nas colônias americanas com uso de mão-de-obra escrava africana.

( B ) Até pode-se pensar que a Europa como um todo estava perdendo espaço no comércio nas Índias (Ásia), mas mantinha suas colônias na África, ou seja, não foi isso que levou a busca por novos mercados na América.

( C ) Consolidação do feudalismo como um sistema socioeconômico global?!?!?! Marcou essa??? Ou bebeu todas antes da prova ou tirou zero nas aulas de História Medieval!!! O feudalismo foi um fenômeno restrito a porção central da Europa durante a Alta Idade Média. Nunca se expandiu por toda a Europa e, muito menos, para todo o mundo!!!

( D ) Os processos de independência na América Latina não  levaram à abolição completa da escravidão. É só lembrar do caso brasileiro: o Brasil torna-se independente de Portugal em 1822 e a escravidão só é abolida em 1888. Alternativa errada.
Resultado de imagem para escravidão nas américasImagem relacionada

( E ) Isso não aconteceu! As explorações marítimas europeias não fracassaram! Aliás, foram o grande sucesso dos séculos XV e XVI! E elas só fortaleceram a economia mercantil, o mercantilismo, que não se fragmentou em unidades isoladas. Alternativa errada!

     Até a próxima!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Direita na Europa

Se a América Latina tem seguido o rumo a esquerda, a Europa vai à direita. É o que se tem observado com o crescimento dos partidos de direita no Velho Mundo. Em postagem recente, trabalhei os conceitos de esquerda e direita e, sim, eles existem hoje e são perceptíveis. É verdade que a direita na Europa tem procurado se "modernizar" para conquistar a maioria dos eleitores. E, com a crise econômica mundial de 2008, houve a consolidação dessa tendência de "direitização europeia". Isso já ocorreu na crise de 1929, quando os governos de direita ganharam força depois da crise com Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália, por exemplo. Calma, isso não quer dizer que a Europa esteja a beira de u m novo nazismo. Não é para tanto! Mas a crise faz com que o eleitorado opte por governos tradicionais, conservadores, com os quais saibam que não haverá mudanças de rumos e tudo seguirá como está e talvez até melhore. De acordo com o escritor e jornalista Álvaro Vargas Llosa, "a

A Guerra do Paraguai (1864-1870)

     Antes de falar propriamente do conflito, vamos recordar que o antigo Vice-Reinado do Rio da Prata não sobreviveu como unidade política ao fim do colonialismo espanhol. Com as independências americanas, nasceram, naquele espaço territorial após longos conflitos, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia e o Uruguai.  Independências latino-americanas      A República Argentina surgiu depois de muitos vaivéns e guerras em  que se opunham os unitários e os federalistas. Os unitários defendiam um modelo de Estado centralizado, sob o comando da capital do antigo vice-reinado, Buenos Aires. Seus principais defensores eram os comerciantes da capital que, assim, poderiam assegurar o controle do comércio exterior argentino e apropriar-se das rendas provenientes dos impostos alfandegários sobre as importações. Já os federalistas  reuniam as elites regionais, os grandes proprietários, pequenos industriais e comerciantes mais voltados para o mercado interno. Defendiam o Estado descentrali

História do Rio Grande do Sul - Os Sete Povos das Missões

     Instrumento importante da Igreja na Contra-Reforma, a Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola, em 1534 (oficializada pelo Papa Paulo III em 1540), com o objetivo de "recatolizar" as regiões convertidas ao protestantismo. Sua atuação na América foi marcante, mas estiveram, também, na Índia, China e Japão durante essa época. Na América Portuguesa, a atuação dos jesuítas iniciou-se em 1549 em Salvador - na América Espanhola iniciou em 1610.      Nem sempre os jesuítas eram eficazes em sua conversão dos nativos. Após uma conversão inicial, marcada pelo batismo, muitos guaranis retornavam às suas práticas indígenas não sendo fieis às práticas e costumes cristãos. As reduções, no entanto, serviram à Coroa portuguesa, pois o "adestramento" dos nativos facilitava o acesso de mão-de-obra barata e abundante aos paulistas que tinham grande dificuldade de fazer cativos indígenas. Como eram hábeis agricultores, os tupi-guaranis eram "de grande valor&qu