Pular para o conteúdo principal

Correção do Vestibular UFRGS 2017 - História Ocidental Moderna

     E vamos à correção de mais uma questão difícil do Vestibular UFRGS 2017! A banca não aliviou nessa questão, que cobrou detalhes, informações bem pontuais, muitas vezes ignoradas no Ensino Médio e nos cursinhos.

     Vamos à correção da questão nº 4 de História do Vestibular UFRGS 2017:

I - Incorreta! A conquista de territórios na África pelos franceses iniciou-se no século XVI com a criação de entrepostos em Senegal, no ano de 1624. E nem colonizaram o território. O objetivo francês era adquirir escravos para suas colônias no Caribe. Quanto a continuação da afirmação, a "completa pacificação dos conflitos religiosos no país" não ocorreu. Cuidado com termos muito abrangentes: sempre, nunca, apenas, completa... São termos que, em se tratando de História, ficam fortes demais! Lembremos que, após a Reforma Protestante, a França foi palco de um terrível conflito entre católicos e huguenotes (os protestantes franceses). Em 24 de agosto de 1572, no ataque que ficou conhecido como Noite de São Bartolomeu, três mil huguenotes foram assassinados num acontecimento engendrado por Catarina de Médicis, a mãe do rei Carlos IX. Bom, a treta religiosa não parou por aí! O rei seguinte, Henrique III, outro filho de Catarina, foi assassinado por um católico fanático, em 1589. Na sequência, assumiu o trono Henrique IV que, tentando acabar com os conflitos religiosos assinou o Edito de Nantes (1598). Ué, então, houve completa pacificação dos conflitos religiosos? SQN!!! O Edito tornava o catolicismo a religião oficial da França, mas concedia liberdade de culto aos protestantes. Mesmo assim, os conflitos religiosos continuaram. Como exemplo, cito a perseguição de huguenotes feita por Luís XIV (o rei Sol) com o Edito de Fontainebleau (1685). Nessa nova lei, a liberdade de culto aos protestantes estava proibida: igrejas foram destruídas, escolas protestantes foram fechadas e huguenotes foram perseguidos. Então, os conflitos religiosos continuaram. Afirmação falsa!
Resultado de imagem para noite de são bartolomeu
Noite de São Bartolomeu

II - Correta! Olha, a banca foi muito sacana nessa questão. Enfim, toda a História Moderna Ocidental acompanhou uma querela (briga) intelectual entre aqueles que defendiam que a Antiguidade clássica era mais importante e os que achavam que a modernidade e o conhecimento descoberto por ela era muuuuito mais superior! Enfim, você pode nunca ter ouvido falar em "Batalha dos Livros" e por isso ter ficado na dúvida de estava certo ou não. Enfim, só com a certeza de que as afirmações I e III estavam errados para confirmar a II. Por isso, a banca foi bem sacana! Enfim, essa afirmação está correta.

Felipe II
III - Incorreta! Vamos, lá, Felipe II de Espanha (na época, separada em Castela e Aragão) governou, também Portugal, Flórida (na América) e Filipinas (na Ásia) - ou seja, o cara governava toda a Península Ibérica e tinha territórios em duas pontas do mundo! Até aí, tudo certo na afirmação. Mas "ampla liberdade de consciência"? Não. Não mesmo! Felipe II tentou conter o avanço do protestantismo em seu reino, acentuando a atuação do Tribunal do Santo Ofício com perseguição religiosa a judeus e protestantes. Ou seja, o oposto do que afirma a frase III.

Assim, a resposta correta é a letra B!

Até a próxima!

Comentários

Postar um comentário

Comente a vontade... e com respeito, claro!

Postagens mais visitadas deste blog

A Direita na Europa

Se a América Latina tem seguido o rumo a esquerda, a Europa vai à direita. É o que se tem observado com o crescimento dos partidos de direita no Velho Mundo. Em postagem recente, trabalhei os conceitos de esquerda e direita e, sim, eles existem hoje e são perceptíveis. É verdade que a direita na Europa tem procurado se "modernizar" para conquistar a maioria dos eleitores. E, com a crise econômica mundial de 2008, houve a consolidação dessa tendência de "direitização europeia". Isso já ocorreu na crise de 1929, quando os governos de direita ganharam força depois da crise com Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália, por exemplo. Calma, isso não quer dizer que a Europa esteja a beira de u m novo nazismo. Não é para tanto! Mas a crise faz com que o eleitorado opte por governos tradicionais, conservadores, com os quais saibam que não haverá mudanças de rumos e tudo seguirá como está e talvez até melhore. De acordo com o escritor e jornalista Álvaro Vargas Llosa, "a

A Guerra do Paraguai (1864-1870)

     Antes de falar propriamente do conflito, vamos recordar que o antigo Vice-Reinado do Rio da Prata não sobreviveu como unidade política ao fim do colonialismo espanhol. Com as independências americanas, nasceram, naquele espaço territorial após longos conflitos, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia e o Uruguai.  Independências latino-americanas      A República Argentina surgiu depois de muitos vaivéns e guerras em  que se opunham os unitários e os federalistas. Os unitários defendiam um modelo de Estado centralizado, sob o comando da capital do antigo vice-reinado, Buenos Aires. Seus principais defensores eram os comerciantes da capital que, assim, poderiam assegurar o controle do comércio exterior argentino e apropriar-se das rendas provenientes dos impostos alfandegários sobre as importações. Já os federalistas  reuniam as elites regionais, os grandes proprietários, pequenos industriais e comerciantes mais voltados para o mercado interno. Defendiam o Estado descentrali

História do Rio Grande do Sul - Os Sete Povos das Missões

     Instrumento importante da Igreja na Contra-Reforma, a Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola, em 1534 (oficializada pelo Papa Paulo III em 1540), com o objetivo de "recatolizar" as regiões convertidas ao protestantismo. Sua atuação na América foi marcante, mas estiveram, também, na Índia, China e Japão durante essa época. Na América Portuguesa, a atuação dos jesuítas iniciou-se em 1549 em Salvador - na América Espanhola iniciou em 1610.      Nem sempre os jesuítas eram eficazes em sua conversão dos nativos. Após uma conversão inicial, marcada pelo batismo, muitos guaranis retornavam às suas práticas indígenas não sendo fieis às práticas e costumes cristãos. As reduções, no entanto, serviram à Coroa portuguesa, pois o "adestramento" dos nativos facilitava o acesso de mão-de-obra barata e abundante aos paulistas que tinham grande dificuldade de fazer cativos indígenas. Como eram hábeis agricultores, os tupi-guaranis eram "de grande valor&qu