Se a América Latina tem seguido o rumo a esquerda, a Europa vai à direita. É o que se tem observado com o crescimento dos partidos de direita no Velho Mundo.
A tendência à direita confirmou-se com a recente eleição de Passos Coelho em Portugal. Com a vitória em Portugal, agora apenas 5 dos 27 países da União Europeia tem no governo partidos de centro-esquerda. Vale lembrar que, embora nós não sintamos os efeitos da crise econômica, ela permanece ainda na Europa. Vamos, então, aos casos de governos de direita:
PORTUGAL: depois de 16 anos de socialismo no poder, a população decidiu pela eleição de Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata, de centro-direita. O país passa por um período de recessão econômica e a tendência de virada à direita reflete a insegurança da população e a busca por um governo mais conservador. Hoje, Portugal tem o maior índice de desemprego já registrado no país (12,4%) e um déficit público de 5,9% do PIB.
INGLATERRA: os trabalhistas foram o partido mais identificado como esquerda que assumiu o Parlamento britânico, mas após 13 anos de liderança trabalhista (com Tony Blair e Gordon Brown), foi a vez de um conservador assumir o cargo de primeiro-ministro: David Cameron. Membro do Partido Conservador, Cameron conquistou a adesão da população com propostas de reestruturação do partido ampliando o programa com medidas ligadas ao meio ambiente, à saúde pública e a uma administração sem escândalos. Para o advogado internacionalista Fábiano Távora, "a população demonstrou insatisfação com o partido Trabalhista e preferiu apostar nas propostas do partido conservador".
ALEMANHA: desde 2005, o país tem como chanceler a líder do partido União Democrata-Cristã, Angela Merkel, considerada pela revista Forbes, em 2009, a mulher mais poderosa do mundo – a Alemanha é o país mais rico da Europa. Angela assumiu após anos de governo do Partido Social Democrata alemão. A chanceler nunca escondeu que sua maior preocupação é a economia (aliás, se isso não fosse claro, não teria conquistado o posto): "Os governos da zona do euro têm um dever histórico de proteger o euro. Tenho esperança de que poderemos fazer isso juntos."
FRANÇA: o país das revoluções colocou a direita no poder em 1995, com Jacques Chirac. Em 2007, Nicolas Sarkosy sucedeu o colega do Partido União por um Movimento Popular. Em pesquisa recente, 66% dos franceses disseram considerar o governo de Sarkosy um fracasso. O presidente tem sido mais mostrado no Brasil em função de seu romance com a modelo Carla Bruni, mas seu governo tem sido alvo de muitos protestos em virtude da elevação de custos de alugueis, combustível e energia, além do aumento exigido de contribuição previdenciária para aposentadoria (que passaria a ser de 41 anos).
HOLANDA: a decepção com os partidos trabalhistas e democratas-cristãos, levou à ascensão do Partido da Liberdade. O partido conseguiu espaço com um discurso de crítica ao multiculturalismo e considerando o Islã como uma ameaça à sociedade holandesa. Mark Rutte, da base aliada, é o atual primeiro-Ministro.
SUÉCIA: “Toda a Europa enfrenta grandes problemas por causa da imigração em massa e, claro, as pessoas estão se tornando mais e mais frustradas em vários países”, afirma Jimmie Akesson, líder do partido Democrata sueco. Esse discurso bem coube num país com 14% de imigrantes. A extrema-direita consegue cada vez mais espaço no Parlamento, embora o Primeiro-Ministro Fredrik Reinfeldt (do Partido Moderado) negue conviver com o apoio desse partido.
O grande temor dos analistas políticos com a ascensão dos partidos conservadores, a extrema direita conquista uma escalada vitoriosa ao poder. Indicativo disso é o crescimento de grupos anti-islã no Velho Mundo. É fato que o islamismo hoje se faz presente em, praticamente, todos os países europeus e a quantidade de imigrnates também tem crescido a cada ano – projeta-se que daqui alguns anos, 1/3 da população do continente será formada por não-europeus. Isso tem gerado políticas que dificultam o casamento de europeus com pessoas originárias de países não-membros da União Europeia, além de proibição de uso de burkas e símbolos religiosos muçulmanos com o argumento de que isso aumentava o preconceito nas ruas e escolas. Para o pesquisador Cristian Norocel, os muçulmanos tem sido considerados os bodes expiatórios da crise econômica. Porém, a última vez que isso ocorreu na história, a consequência foi trágica: "Isso é muito semelhante à imagem dos judeus que foi usada pelos nacional-socialistas no início do regime nazista na Alemanha. A população muçulmana europeia é usada por partidos populistas radicais de direita como um pretexto para ganhar votos em cima da insatisfação popular com a cena política existente."
Paranóia? Parece que não. Na última semana, um atentado na Noruega trouxe o tema à tona. O atirador Anders Behring Breivik, em manifesto publicado na Internet antes do ataque, defendia argumentos neonazistas a favor da pureza das raças. Segundo as autoridades norueguesas ele é um “islamófobo e anticomunista” e seus argumentos criticavam o multiculturalismo e a invasão islâmica no território europeu. Ou seria ele fruto de um pensamento cada vez mais frequente no Velho Mundo?
Em postagem recente, trabalhei os conceitos de esquerda e direita e, sim, eles existem hoje e são perceptíveis. É verdade que a direita na Europa tem procurado se "modernizar" para conquistar a maioria dos eleitores. E, com a crise econômica mundial de 2008, houve a consolidação dessa tendência de "direitização europeia". Isso já ocorreu na crise de 1929, quando os governos de direita ganharam força depois da crise com Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália, por exemplo. Calma, isso não quer dizer que a Europa esteja a beira de um novo nazismo. Não é para tanto! Mas a crise faz com que o eleitorado opte por governos tradicionais, conservadores, com os quais saibam que não haverá mudanças de rumos e tudo seguirá como está e talvez até melhore. De acordo com o escritor e jornalista Álvaro Vargas Llosa, "a resposta do povo não tem sido procurar proteção contra a 'queda do capitalismo' e o 'colapso dos modelo norte-americano' no socialismo, como se poderia esperar na Europa, mas procurar tranquilidade nesses partidos considerados – com razão ou não – como administradores confiáveis e guardiões do sistema de livre mercado". Na prática, a lógica é simples: se o governo vigente está desgastado e aplica medidas com as quais discordo, voto no partido de oposição e tudo pode melhorar. Sem dúvida, pode piorar mas esse é o pensamento geral de eleitores em todo o mundo.
A tendência à direita confirmou-se com a recente eleição de Passos Coelho em Portugal. Com a vitória em Portugal, agora apenas 5 dos 27 países da União Europeia tem no governo partidos de centro-esquerda. Vale lembrar que, embora nós não sintamos os efeitos da crise econômica, ela permanece ainda na Europa. Vamos, então, aos casos de governos de direita:
PORTUGAL: depois de 16 anos de socialismo no poder, a população decidiu pela eleição de Pedro Passos Coelho, do Partido Social Democrata, de centro-direita. O país passa por um período de recessão econômica e a tendência de virada à direita reflete a insegurança da população e a busca por um governo mais conservador. Hoje, Portugal tem o maior índice de desemprego já registrado no país (12,4%) e um déficit público de 5,9% do PIB.
INGLATERRA: os trabalhistas foram o partido mais identificado como esquerda que assumiu o Parlamento britânico, mas após 13 anos de liderança trabalhista (com Tony Blair e Gordon Brown), foi a vez de um conservador assumir o cargo de primeiro-ministro: David Cameron. Membro do Partido Conservador, Cameron conquistou a adesão da população com propostas de reestruturação do partido ampliando o programa com medidas ligadas ao meio ambiente, à saúde pública e a uma administração sem escândalos. Para o advogado internacionalista Fábiano Távora, "a população demonstrou insatisfação com o partido Trabalhista e preferiu apostar nas propostas do partido conservador".
ALEMANHA: desde 2005, o país tem como chanceler a líder do partido União Democrata-Cristã, Angela Merkel, considerada pela revista Forbes, em 2009, a mulher mais poderosa do mundo – a Alemanha é o país mais rico da Europa. Angela assumiu após anos de governo do Partido Social Democrata alemão. A chanceler nunca escondeu que sua maior preocupação é a economia (aliás, se isso não fosse claro, não teria conquistado o posto): "Os governos da zona do euro têm um dever histórico de proteger o euro. Tenho esperança de que poderemos fazer isso juntos."
FRANÇA: o país das revoluções colocou a direita no poder em 1995, com Jacques Chirac. Em 2007, Nicolas Sarkosy sucedeu o colega do Partido União por um Movimento Popular. Em pesquisa recente, 66% dos franceses disseram considerar o governo de Sarkosy um fracasso. O presidente tem sido mais mostrado no Brasil em função de seu romance com a modelo Carla Bruni, mas seu governo tem sido alvo de muitos protestos em virtude da elevação de custos de alugueis, combustível e energia, além do aumento exigido de contribuição previdenciária para aposentadoria (que passaria a ser de 41 anos).
HOLANDA: a decepção com os partidos trabalhistas e democratas-cristãos, levou à ascensão do Partido da Liberdade. O partido conseguiu espaço com um discurso de crítica ao multiculturalismo e considerando o Islã como uma ameaça à sociedade holandesa. Mark Rutte, da base aliada, é o atual primeiro-Ministro.
SUÉCIA: “Toda a Europa enfrenta grandes problemas por causa da imigração em massa e, claro, as pessoas estão se tornando mais e mais frustradas em vários países”, afirma Jimmie Akesson, líder do partido Democrata sueco. Esse discurso bem coube num país com 14% de imigrantes. A extrema-direita consegue cada vez mais espaço no Parlamento, embora o Primeiro-Ministro Fredrik Reinfeldt (do Partido Moderado) negue conviver com o apoio desse partido.
O grande temor dos analistas políticos com a ascensão dos partidos conservadores, a extrema direita conquista uma escalada vitoriosa ao poder. Indicativo disso é o crescimento de grupos anti-islã no Velho Mundo. É fato que o islamismo hoje se faz presente em, praticamente, todos os países europeus e a quantidade de imigrnates também tem crescido a cada ano – projeta-se que daqui alguns anos, 1/3 da população do continente será formada por não-europeus. Isso tem gerado políticas que dificultam o casamento de europeus com pessoas originárias de países não-membros da União Europeia, além de proibição de uso de burkas e símbolos religiosos muçulmanos com o argumento de que isso aumentava o preconceito nas ruas e escolas. Para o pesquisador Cristian Norocel, os muçulmanos tem sido considerados os bodes expiatórios da crise econômica. Porém, a última vez que isso ocorreu na história, a consequência foi trágica: "Isso é muito semelhante à imagem dos judeus que foi usada pelos nacional-socialistas no início do regime nazista na Alemanha. A população muçulmana europeia é usada por partidos populistas radicais de direita como um pretexto para ganhar votos em cima da insatisfação popular com a cena política existente."
Paranóia? Parece que não. Na última semana, um atentado na Noruega trouxe o tema à tona. O atirador Anders Behring Breivik, em manifesto publicado na Internet antes do ataque, defendia argumentos neonazistas a favor da pureza das raças. Segundo as autoridades norueguesas ele é um “islamófobo e anticomunista” e seus argumentos criticavam o multiculturalismo e a invasão islâmica no território europeu. Ou seria ele fruto de um pensamento cada vez mais frequente no Velho Mundo?
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