Pular para o conteúdo principal

O Povoamento Inicial do Rio Grande do Sul: Os Campos de Viamão

    Viamão, hoje parte da Grande Porto Alegre, era uma zona de passagem entre laguna e a Colônia de Sacramento até meados do século XVIII. A maioria dos seus primeiros povoadores, inicialmente, só preencheu os campos com animais mas, dada a riqueza ecológica do local, alguns colonizadores já começavam a se fixar por ali, como ocorrera com Cosme da Silveira (1725) e Francisco Carvalho da Cunha (1741). Esse último foi o responsável por erguer a Capela de Nossa Senhora da Conceição.

     Com o início do povoamento, Viamão foi elevada à categoria de freguesia em 1747, desmembrando-se de Laguna. Aliás, boa parte dos moradores de Laguna acabaram se transferindo para os campos sulinos. Viamão foi sede das primeiras estâncias de criação de gado. Pelo local, ainda, transitavam grandes rebanhos de gado e de cavalos vindos da campanha do Rio da Prata para serem comercializados em Laguna. Com o crescimento da exploração da região das Minas Gerais, aumentou a necessidade de abastecimento e transporte ocorrendo uma integração do Sul ao mercado interno colonial - de Viamão, o gado bovino e de muares era transportado até o interior de São Paulo. Aliás, foi de Viamão que saíram os primeiros tropeiros que, transportando gado a pé, foram abrindo caminhos que acabaram sendo base para outros grupos de tropeiros oriundos de outras regiões do Continente de São Pedro (antigo RS) e do Rio da Prata.

     Nessa época, a população dos Campos de Viamão era composta por portugueses e luso-brasileiros (paulistas e lagunistas), hispânicos e hispano-americanos, indígenas e escravos negros. A população crescia: de 800 moradores em 1751, passou 1.891 em 1780 chegando a 2.119 em 1798. Vale lembrar que quase metade dessa população era composta por escravos negros.

     De 1763 a 1773, devido à invasão dos espanhóis a Rio Grande (primeiro centro regional do Continente de São Pedro), Viamão passou a ser a sede do poder lusitano na região com o estabelecimento do Governador e da Câmara na povoação.

Comentários

  1. Muito obrigado por compartilhar essa história foi muito útil para mim. Agradecido

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente a vontade... e com respeito, claro!

Postagens mais visitadas deste blog

Povoamento Inicial do Rio Grande do Sul: a Colonização Açoriana

Antes, um parêntese sobre o processo de apropriação de terras       As terras eram concedidas por meio de sesmarias e datas, que eram porções do território entregues pela Coroa aos súditos com a obrigação de povoar e cultivar a terra. Esse sistema, já vigente em Portugal desde 1375, foi estendido às colônias ultramarinas visando garantir o povoamento do território e a delimitação das fronteiras. Foi a partir de 1750 que ocorreu uma certa intensificação das concessões. Aqui no Continente de São Pedro (Rio Grande do Sul colonial) o povoamento geral intensificou-se após 1764. Foi nesse ano que o Cel. José Custódio de Sá e Faria assumiu o governo do Continente com árduas tarefas: estabelecer os açorianos, cumprir a entrega das concessões prometidas, controlar os índios, eliminar a escravidão indígena, capacitar as defesas (construção de fortins no rio Taquari) e fomentar a agricultura (incentivo ao cultivo de trigo e de linho-cânhamo). Devido à invasão espanhola à...

A Direita na Europa

Se a América Latina tem seguido o rumo a esquerda, a Europa vai à direita. É o que se tem observado com o crescimento dos partidos de direita no Velho Mundo. Em postagem recente, trabalhei os conceitos de esquerda e direita e, sim, eles existem hoje e são perceptíveis. É verdade que a direita na Europa tem procurado se "modernizar" para conquistar a maioria dos eleitores. E, com a crise econômica mundial de 2008, houve a consolidação dessa tendência de "direitização europeia". Isso já ocorreu na crise de 1929, quando os governos de direita ganharam força depois da crise com Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália, por exemplo. Calma, isso não quer dizer que a Europa esteja a beira de u m novo nazismo. Não é para tanto! Mas a crise faz com que o eleitorado opte por governos tradicionais, conservadores, com os quais saibam que não haverá mudanças de rumos e tudo seguirá como está e talvez até melhore. De acordo com o escritor e jornalista Álvaro Vargas Llosa, "a...

Guerra da Cisplatina

     Quem tem acompanhado a série de postagens sobre a história do Rio Grande do Sul já deve ter notado que é impossível entendê-la dissociada do contexto da Bacia do Prata. É inegável a ligação da região - que hoje equivalem ao Uruguai e a Argentina - à formação histórica do RS. O próprio personagem do gaúcho tradicionalista é um misto de argentino, uruguaio, índio, negro, português e espanhol - não necessariamente nessa ordem. Ou seja, o gaúcho é fruto de toda essa "mistura" cultural, social, étnica e política.      A situação já tumultuada da região ficou mais intensa após a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808. Com a família real no Brasil, a metrópole interiorizou-se na colônia, promovendo maior centralização do poder decisório e acentuou-se a atração exercida pela região da Cisplatina. Antes de mais nada, vamos comparar o território do Brasil de 1709 com o Brasil de 1821, nos mapas abaixo: 1709 ...