Hoje, a intenção não é trazer um estudo sobre algum período da história do Rio Grande do Sul mas, nesse dia em que os gaúchos comemoram a Revolução Farroupilha, lanço apenas essa provocação: a vergonha está em ser escravo ou em escravizar? Ter virtude é ser livre e fazer sua liberdade valer permitindo que o outro possa, também, ser livre. Não questiono o fato de se comemorar no 20 de setembro uma revolta da qual o RS saiu derrotado ou o fato de se comemorar uma revolução que não aconteceu pois os "revolucionários" eram grandes e poderosos proprietários de terras - ou seja, não queriam nenhuma mudança real na estrutura social mas, tão somente, por maior favorecimento junto às leis federais. O questionamento é por se comemorar uma guera na qual, por longos 10 anos, escravos lutaram ao lado de seus donos com a promessa de liberdade e esses mesmos escravocratas - tratados como heróis pelo tradicionalismo gaúcho - terem desarmado seus negros e jogado eles ao combate com as tropas imperiais na batalha conhecida como Massacre dos Porongos. Isso é que é "ser forte, aguerrido e bravo"? Articular uma batalha para viabilizar o tratado de paz, é mostrar "valor, constância nessa ímpia e injusta guerra"? São essas as "façanhas" que devem servir "de modelo a toda terra"? Lamento que o "precursor da liberdade" tenha se dado sobre a escravidão. Liberdade para alguns, os de sempre, os grandes proprietários, os "de cima", enquanto a liberdade é negada a outros. Na minha opinião, o feriado de hoje não é para comemorar mas seria um 2 de novembro antecipado porém, em vez de lembrar nossos mortos, que sirva para lembrar do quanto já fomos injustos, incoerentes e intolerantes. Fomos ou somos? A intolerância e o racismo gaúcho foram notícias no cenário nacional nesse mês. É o problema de querer ser "tradicionalista" honrando só o que de pior havia no século XIX! Bom seria se o aprendizado servisse para não repetir erros passados. Aí sim seria um povo de virtude.
Antes de falar propriamente do conflito, vamos recordar que o antigo Vice-Reinado do Rio da Prata não sobreviveu como unidade política ao fim do colonialismo espanhol. Com as independências americanas, nasceram, naquele espaço territorial após longos conflitos, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia e o Uruguai. Independências latino-americanas A República Argentina surgiu depois de muitos vaivéns e guerras em que se opunham os unitários e os federalistas. Os unitários defendiam um modelo de Estado centralizado, sob o comando da capital do antigo vice-reinado, Buenos Aires. Seus principais defensores eram os comerciantes da capital que, assim, poderiam assegurar o controle do comércio exterior argentino e apropriar-se das rendas provenientes dos impostos alfandegários sobre as importações. Já os federalistas reuniam as elites regionais, os grandes proprietários, pequenos industriais e comerciantes mais voltados para o mercado interno. Defendiam o Estado descentrali
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