Os EUA teve seu nível de bons pagadores rebaixado no último dia 08, caindo de AAA para AA+. A crise econômica fez a maior potência mundial aumentar sua inadimplência.
E, se no norte da América a situação vem se agravando, no Velho Mundo o quadro da crise é ainda mais agudo. O primeiro país a dar os sinais da crise foi a Grécia, em 2009, quando descumpriu o Tratado de Maastricht. O Tratado assinado em 1991 definia as bases econômicas para a formação da União Europeia e da "zona do Euro" e estabeleceu que a dívida não poderia ultrapassar 60% do PIB do páis e que o déficit orçamentário não poderia ultrapassar os 3%. Pois é, a Grécia foi a primeira a soar o alarme. Nem os programas de austeridade fiscal, corte de gastos públicos e outros métodos tradicionais conseguiram segurar a crise. A União Europeia precisou ir além para salvar a Grécia - sim, como a moeda é uma só, se um país entra em crise pode levar para o mesmo buraco todos os seus companheiros; por isso, a Europa como um todo luta contra os focos da crise em países específicos tentando impedir a queda geral. As medidas adotadas tiveram que ser mais severas: congelamento dos salários e aposentadorias públicas, corte de benefícios para o funcionalismo público, aumento dos impostos, aumento da idade mínima para aposentadoria, cortes de verbas para saúde e educação, privatização de setores estratégicos e redução dos direitos sindicais. Tais medidas provocaram tensão social: greves, manifestações e embates com a polícia. O resultado: aumento do desemprego (que chega a 50% da população ativa em algumas regiões) e uma modesta redução do déficit (de 13,6% em 2009 para 10,5% do PIB em 2010, sendo que a meta era reduzir para 8,1%).
Portugal e Irlanda seguem pelo mesmo caminho grego. Portugal já recebeu um empréstimo de U$ 110 bilhões do FMI e BCE (o que corresponde a 47% do PIB), enquanto a Irlanda já comprometeu 53% do PIB do país. Mas, o país que tem sido maior causa de temor no continente é a Espanha. País de economia gigantesca (PIB de U$ 1,4 trilhões), a Espanha apresenta uma taxa de desemprego de 25% - só para comparar, no Brasil o índice é de 6%.
Como o país opera como um bloco econômico, a derrocada de um pode levar a uma completa desvalorização do euro e levar à bancarrota generalizada. Para isso, estuda-se um proposta com poucas chances de ser aceita: unificar os sistemas de dívida pública. Assim, todos os países-membros pagariam a dívida de um dos membros do bloco. Lógico, essa medida é muito criticada pelos menos endividados, pois acabariam tendo que ajudar nas finanças do vizinho, mas a proposta está em análise.
Mas, enquanto os
donos do poder pensam e repensam como desviar do buraco, as revoltas sociais aumentam a cada dia. Madri, Barcelona, Atenas e Paris já tiveram manifestações públicas em reação ao desmantelamento das grandes conquistas sociais acumuladas nas últimas décadas. Diferentemente dos protestos no Egito, Líbia e outros países onde ditaduras e monarquias foram derrubadas, a proposta das revoltas europeias é a mudança nos rumos da crise. O historiador e economista da USP, Osvaldo Coggiola, comentou em entrevista à Caros Amigos sobre o assunto: "(...) na Espanha não estão derrubando o governo, até porque não é preciso, o governo está praticamente derrubado. Estão pedindo outra coisa: uma
liberação política, uma mudança na Europa."
Ao mesmo tempo, crescem na Europa as forças de direita (para maiores informações clique aqui) não só pela via eleitoral, mas também com o aumento de agrupamentos neonazistas - basta lembrar o caso do atirador responsável pelos atentados na Noruega. Nicolas Sarkozi, Silvio Berlusconi, Angela Merkel e outros governantes tem, inclusive, utilizado um discurso contra imigrantes e a favor de uma "pureza" europeia. E vale recordar que o fascismo foi visto na Europa dos anos 1930 como uma saída para superar a crise econômica causada pela quebra da Bolsa de Nova York. Será que estão pensando numa solução semelhante? Ainda bem que a História nem sempre se repete - ao menos, é o que a gente espera!
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