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Especial: Crise econômica mundial - parte 1

Apesar de entender e me interessar pouco sobre economia, ousei pesquisar algumas fontes e postar aqui sobre esse tema recorrente na mídia e forte candidato à questões no Vestibular e/ou ENEM. Espero que seja útil a todos(as).

Começo falando sobre a crise no centro do sistema capitalista mundial, os EUA. Por lá, o problema já está na pauta desde 2007, mas tornou-se alarmante em maio quando a dívida bateu o teto histórico de 14,3 trilhões de dólares - limite autorizado pelo Congresso até então. Nos últimos dias, o presidente Obama conseguiu aprovar no Parlamento o aumento do limite da dívida, evitando assim o "calote". Um dos problemas da economia estadunidense é que a enorme dívida vem impedindo o crescimento do PIB.

Para entender um pouco desses termos, por vezes, meio confusos:
DÍVIDA PÚBLICA = soma dos empréstimos feitos pelo governo junto aos credores para pagar os gastos que só os impostos arrecadados não cobrem.
PIB (Produto Interno Bruto) = soma de todos os bens e serviços produzidos.
DÉFICIT FISCAL = o governo teve mais despesa do que receita (arrecadação).

Vale lembrar que, atualmente, os EUA tem credores públicos
e privados, nacionais e internacionais. Entre os credores internacionais, os maiores são a China (a maior credora do país), Japão, Alemanha e Brasil.
E as tentativas de Obama para conter a crise deram resultados muito abaixo de esperado, o que acabou lançando os EUA no mercado de risco para investidores. A dívida cresce a cada ano: em 2008, o déficit fiscal equivalia a 3% do PIB; para esse ano a projeção é de 11%.
Tentando conter a crise, em 2008, o governo imprimiu mais dólares e acentuou a crise pois a medida aumentou a inflação, rebaixou o valor da moeda e diminuiu a capacidade de consumo e endividamento das famílias.
Para o economista Luiz Gonzaga Beluzzo a atual crise é, na verdade, consequência no neoliberalismo: "O que aconteceu foi que os Estados foram progressivamente abandonando, a partir das décadas de 1960 e 1970, seus compromissos com os assalariados, os velhos, e foram privatizando tudo" (cf. entrevista na Folha de São Paulo, 19/06/2011).

Analisando a tabela que mostra onde é investido o dinheiro dos impostos nos EUA, pode-se ver que mais de 44% são gastos militares com armamentos e guerras que só visam manter a hegemonia e o imperialismo. Além disso, quase 11% é destinado ao pagamento dos juros da dívida e muito pouco vai para o "resto": 19,7% para a saúde pública, 11,8% para assistência social (inclusive bolsas como o Bolsa-Família brasileiro), 6,9% para a administração pública e menos de 3% para gastos elementares como, por exemplo, educação. Ou seja, o governo está contribuindo para um conflito social de proporções gigantescas. É só uma questão de tempo.

E se a crise anda feia no centro do capitalismo, na Europa a situação está ainda mais caótica. É sobre isso que tratará a próxima postagem...

Com informações de José Arbex Jr. da revista Caros Amigos

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