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50 anos da Campanha da Legalidade - parte 3

A instabilidade estava instaurada. O presidente renunciou ao cargo e o vice-presidente estava na China em visita oficial. As Forças Armadas não admitiam a posse de Jango e, interinamente, Ranieri Mazzilli assumira a Presidência da República.
Nesse momento, assumindo o papel de "caudilho", Leonel Brizola decide manifestar-se a favor da imediata posse constitucional do vice-presidente João Goulart - para quem não lembra, Jango era cunhado de Brizola. Leonel Brizola era o governador do estado do Rio Grande do Sul.

Do outro lado, os militares não admitiam a posse de Jango e ameaçavam prendê-lo caso retornasse ao país. Já havia, inclusive, dado ordem de prisão contra o marechal Lott (candidato derrotado a presidência), que se manifestara contra a tentativa de golpe. Outros militares e líderes políticos já tinham sido detidos. O clima político era tenso. Porto Alegre tornou-se a capital da legalidade. Uma multidão estava de prontidão em frente ao Palácio Piratini atendendo ao pedido de resistência feito pelo governador que tomou a Rádio Guaíba e utilizou-a como rede da legalidade.
Há exatos 50 anos, Brizola fazia o seguinte discurso:


"O Governo do Estado do Rio Grande do Sul cumpre o dever de assumir o papel que lhe cabe nesta hora grave da vida do País. Cumpre-nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade constitucional. Não pactuaremos com golpes ou violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas. Se o atual regime não satisfaz, em muitos de seus aspectos, desejamos é o seu aprimoramento e não sua supressão, o que representaria uma regressão e o obscurantismo.A renúncia de Sua Excelência, o Presidente Jânio Quadros, veio surpreender a todos nós. A mensagem que Sua Excelência dirigiu ao povo brasileiro contém graves denúncias sobre pressões de grupos, inclusive do exterior, que indispensavelmente precisam ser esclarecidas. Uma Nação que preza a sua soberania não pode conformar-se passivamente com a renúncia do seu mais alto magistrado sem uma completa elucidação destes fatos. A comunicação do Sr. Ministro da Justiça apenas notifica o Governo do Estado da renúncia do Sr. Presidente da República. Por motivo dos acontecimentos, como se propunha, o Governo deste Estado dirigiu-se à Sua Excelência, o Sr. Vice-Presidente da República, Dr. João Goulart, pedindo seu regresso urgente ao País, o que deverá ocorrer nas próximas horas.
O ambiente no Estado é de ordem. O Governo do Estado, atento a esta grave emergência, vem tomando todas as medidas de sua responsabilidade, mantendo-se, inclusive, em permanente contato e entendimento com as autoridades militares federais. O povo gaúcho tem imorredouras tradições de amor à pátria comum e de defesa dos direitos humanos. E seu Governo, instituído pelo voto popular - confiem os riograndenses e os nossos irmãos de todo o Brasil - não desmentirá estas tradições e saberá cumprir o seu dever."Brizola começa a distribuir armas à população e passa a movimentar-se no palácio com uma metralhadora. Estava pronto para pelear.

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