Bem, já comentamos que a crise tem feito estragos nos "países por enquanto ricos" na Europa e os EUA. Mas uma das lógicas do capitalismo é a da polarização dos lucros e socialização das perdas. Ou seja, as perdas do sistema são compartilhadas por todos e, como sempre, quem mais sofre são os países mais pobres.
Os países árabes, como temos acompanhado no noticiário, tem vivido diversas revoluções que, apesar da grande mídia difundir que essas tiveram impulso nas redes sociais, elas tem como causa a fome e a miséria que tem atingido a população mais carente. Segundo o historiador e economista Osvaldo Coggiola, as rebeliões tem ocorrido em países em desenvolvimento exatamente porque eles estão crescendo. "(...) mas isto não significa que esse crescimento se distribui igualmente.
Ao contrário, (...) a estrutura política fazia com que o crescimento fosse absorvido por uma minoria." Nos países árabes, as chamadas revoltas do pão já ocorriam há mais de 30 anos atrás, e continuam acontecendo, pois os países crescem sem distribuição de renda e com significativo aumento dos preços.
E o Brasil? Vai resistir à crise ou vai sofrer mais que uma "marolinha"? Bem, o país está com uma economia bem mais estável. Não há dúvidas de que, se a crise econômica tivesse ocorrido no início da década de 1990 estaríamos perdidos. Mas, há poucas chances de sairmos ilesos a essa tendência mundial. Isso depende muito da China. Sim, isso mesmo. Como a China é, hoje, o motor da economia mundial, se a potência asiática se abalar com a crise, o Brasil tem grande possibilidade de ir junto pois somos um de seus principais parceiros comerciais.
A China tem, até o momento, conseguido manter um certo nível de crescimento, mas já não alcança mais o aumento de 10% do PIB ao ano como nos últimos anos. A previsão para 2011 é de 8%, ainda assim acima do crescimento da maioria dos países. A China é um país que mantém um sistema econômico capitalista associado a um sistema político socialista, algo um tanto contraditório. A gigante economia chinesa está sustentada em três pilares: o sistema financeiro de Hong Kong, a indústria nas ZEEs (Zonas Econômicas Especiais) e a agricultura no continente. Nos dois últimos, os trabalhadores recebem os salários mais baixos do mundo, o que permite ao país exportar por preços imbatíveis garantindo sua posição privilegiada no mercado.
Mas, a China tem tirado o pé do acelerador ultimamente: não só por causa de crise, mas também pelas crescentes tensões sociais e por diversas catástrofes ambientais ocorridas. E o Brasil com isso? Bom, se China e Brasil são grandes parceiros comerciais e a China "esfriar", vai importar menos e nosso país sai perdendo - e muito, pois a China tem um mercado consumidor superior a 1,3 bilhões de pessoas, quase 8 vezes mais que o Brasil. Além disso, a valorização do real em excesso pode dificultar as exportações e, se somarmos isso à taxa de juros absurda de nossa economia, o resultado pode não ser animador.
Com informações de José Arbex Jr. da revista Caros Amigos.
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