Pular para o conteúdo principal

Especial: Crise econômica mundial - parte 3

Bem, já comentamos que a crise tem feito estragos nos "países por enquanto ricos" na Europa e os EUA. Mas uma das lógicas do capitalismo é a da polarização dos lucros e socialização das perdas. Ou seja, as perdas do sistema são compartilhadas por todos e, como sempre, quem mais sofre são os países mais pobres.
Os países árabes, como temos acompanhado no noticiário, tem vivido diversas revoluções que, apesar da grande mídia difundir que essas tiveram impulso nas redes sociais, elas tem como causa a fome e a miséria que tem atingido a população mais carente. Segundo o historiador e economista Osvaldo Coggiola, as rebeliões tem ocorrido em países em desenvolvimento exatamente porque eles estão crescendo. "(...) mas isto não significa que esse crescimento se distribui igualmente.
Ao contrário, (...) a estrutura política fazia com que o crescimento fosse absorvido por uma minoria." Nos países árabes, as chamadas revoltas do pão já ocorriam há mais de 30 anos atrás, e continuam acontecendo, pois os países crescem sem distribuição de renda e com significativo aumento dos preços.
E o Brasil? Vai resistir à crise ou vai sofrer mais que uma "marolinha"? Bem, o país está com uma economia bem mais estável. Não há dúvidas de que, se a crise econômica tivesse ocorrido no início da década de 1990 estaríamos perdidos. Mas, há poucas chances de sairmos ilesos a essa tendência mundial. Isso depende muito da China. Sim, isso mesmo. Como a China é, hoje, o motor da economia mundial, se a potência asiática se abalar com a crise, o Brasil tem grande possibilidade de ir junto pois somos um de seus principais parceiros comerciais.
A China tem, até o momento, conseguido manter um certo nível de crescimento, mas já não alcança mais o aumento de 10% do PIB ao ano como nos últimos anos. A previsão para 2011 é de 8%, ainda assim acima do crescimento da maioria dos países. A China é um país que mantém um sistema econômico capitalista associado a um sistema político socialista, algo um tanto contraditório. A gigante economia chinesa está sustentada em três pilares: o sistema financeiro de Hong Kong, a indústria nas ZEEs (Zonas Econômicas Especiais) e a agricultura no continente. Nos dois últimos, os trabalhadores recebem os salários mais baixos do mundo, o que permite ao país exportar por preços imbatíveis garantindo sua posição privilegiada no mercado.
Mas, a China tem tirado o pé do acelerador ultimamente: não só por causa de crise, mas também pelas crescentes tensões sociais e por diversas catástrofes ambientais ocorridas. E o Brasil com isso? Bom, se China e Brasil são grandes parceiros comerciais e a China "esfriar", vai importar menos e nosso país sai perdendo - e muito, pois a China tem um mercado consumidor superior a 1,3 bilhões de pessoas, quase 8 vezes mais que o Brasil. Além disso, a valorização do real em excesso pode dificultar as exportações e, se somarmos isso à taxa de juros absurda de nossa economia, o resultado pode não ser animador.

Com informações de José Arbex Jr. da revista Caros Amigos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Direita na Europa

Se a América Latina tem seguido o rumo a esquerda, a Europa vai à direita. É o que se tem observado com o crescimento dos partidos de direita no Velho Mundo. Em postagem recente, trabalhei os conceitos de esquerda e direita e, sim, eles existem hoje e são perceptíveis. É verdade que a direita na Europa tem procurado se "modernizar" para conquistar a maioria dos eleitores. E, com a crise econômica mundial de 2008, houve a consolidação dessa tendência de "direitização europeia". Isso já ocorreu na crise de 1929, quando os governos de direita ganharam força depois da crise com Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália, por exemplo. Calma, isso não quer dizer que a Europa esteja a beira de u m novo nazismo. Não é para tanto! Mas a crise faz com que o eleitorado opte por governos tradicionais, conservadores, com os quais saibam que não haverá mudanças de rumos e tudo seguirá como está e talvez até melhore. De acordo com o escritor e jornalista Álvaro Vargas Llosa, "a

A Guerra do Paraguai (1864-1870)

     Antes de falar propriamente do conflito, vamos recordar que o antigo Vice-Reinado do Rio da Prata não sobreviveu como unidade política ao fim do colonialismo espanhol. Com as independências americanas, nasceram, naquele espaço territorial após longos conflitos, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia e o Uruguai.  Independências latino-americanas      A República Argentina surgiu depois de muitos vaivéns e guerras em  que se opunham os unitários e os federalistas. Os unitários defendiam um modelo de Estado centralizado, sob o comando da capital do antigo vice-reinado, Buenos Aires. Seus principais defensores eram os comerciantes da capital que, assim, poderiam assegurar o controle do comércio exterior argentino e apropriar-se das rendas provenientes dos impostos alfandegários sobre as importações. Já os federalistas  reuniam as elites regionais, os grandes proprietários, pequenos industriais e comerciantes mais voltados para o mercado interno. Defendiam o Estado descentrali

História do Rio Grande do Sul - Os Sete Povos das Missões

     Instrumento importante da Igreja na Contra-Reforma, a Companhia de Jesus foi criada por Inácio de Loyola, em 1534 (oficializada pelo Papa Paulo III em 1540), com o objetivo de "recatolizar" as regiões convertidas ao protestantismo. Sua atuação na América foi marcante, mas estiveram, também, na Índia, China e Japão durante essa época. Na América Portuguesa, a atuação dos jesuítas iniciou-se em 1549 em Salvador - na América Espanhola iniciou em 1610.      Nem sempre os jesuítas eram eficazes em sua conversão dos nativos. Após uma conversão inicial, marcada pelo batismo, muitos guaranis retornavam às suas práticas indígenas não sendo fieis às práticas e costumes cristãos. As reduções, no entanto, serviram à Coroa portuguesa, pois o "adestramento" dos nativos facilitava o acesso de mão-de-obra barata e abundante aos paulistas que tinham grande dificuldade de fazer cativos indígenas. Como eram hábeis agricultores, os tupi-guaranis eram "de grande valor&qu