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11 de Setembro - os antecedentes

A partir de hoje, comentarei sobre o evento que, segundo os historiadores, deu início ao século XXI: o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001.
Para entendermos o fato, precisamos voltar no tempo algumas décadas para entender a relação estreita entre Osama Bin Laden e os EUA durante a Guerra Fria. Tema importantíssimo do século XX, a Guerra Fria marcou o período de embates entre as duas grandes potências da época: os EUA de um lado com o sistema capitalista e, do outro, a URSS com o sistema socialista. Os conflitos entre as potências nunca se deram de forma direta, mas por meio de diversos embates ocorridos em diversos países onde os dois sistemas digladiavam. O Afeganistão foi um desses países. Em 1979, um golpe militar havia levado ao poder grupos ligados à União Soviética no Afeganistão. O governo de Jimmy Carter queria reinstalar no país um governo aliado ao Ocidente e, para isso, passou a investir em grupos islâmicos que pudessem travar uma Guerra Santa contra o ateísmo soviético. Funcionou mais ou menos assim, na lógica estadunidense: a gente financia grupos islâmicos mais fundamentalistas que estejam dispostos a lutar, a qualquer preço, para manter a hegemonia da religião no território, derrotando qualquer tentativa de instauração de um governo ateu; os EUA vão tratar o conflito como uma Guerra Santa e se dirão isentos no conflito - como sempre fizeram. Assim, surge com força, em 1983, a Aliança Islâmica do Mujahedin Afegão (IAAM). O grupo defende a consolidação do poder de Zia ul-Haq no Paquistão e do reforço do governo pró-EUA na Arábia Saudita. E a IAAM foi crescendo rapidamente: recebeu doação de U$ 20 bilhões dos príncipes sauditas e mais U$ 20 bilhões da CIA (braço militar dos EUA). Essa fortuna permitiu recrutar e formar guerrilheiros fanáticos e fortemente armados. Com todo esse poderio, o grupo conseguiu derrotar as forças soviéticas no território.
Foi nesse contexto que surgiu a figura de Osama Bin Laden. Saudita, herdeiro milionário de uma família de empresários do ramo da construção, ele ficou fascinado pela Guerra Santa patrocinada pelos EUA. Levou com ele 4 mil sauditas para a jihad no Afeganistão. Tornou-se um dos líderes do grupo que, anos mais tarde, tomariam o poder com o governo Taliban. Entre as ações do grupo, por exemplo, estavam a de incendiar escolas e contar as gargantas das professores porque o governo soviético decidira formar classes mistas, com meninos e meninas - fato narrado pelo próprio Bin Laden ao repórter Robert Fisk. O The New York Times, de Londres, chamava o grupo de "lutadores da liberdade". Anos depois, os chamavam de "rebeldes" - contraditórios, não é!
Derrotada a URSS, a Casa Branca voltou-se contra Saddan Hussein, ainda com apoio de Bin Laden e companheiros. Em 1991, após encerrada a campanha, os EUA descumpriu a promessa e não retirou suas tropas da Arábia Saudita - onde ficam as cidades sagradas de Meca e Medina. Isso foi entendido como uma afronta à lei islâmica. Bin Laden, até então aliado e conselheiro do rei Fahd (aliado fiel dos EUA), foi expulso da Arábia Saudita e a criatura virou-se contra seu criador. Esse rompimento da aliança ocorreu durante a Guerra do Golfo. Osama passou de aliado a inimigo da presença estadunidense em território islâmico, em campanha pela libertação dos templos santos da presença de "infieis". Surgiu, então, a Al Qaeda (a base). Em fevereiro de 1993, o grupo promoveu o 1º atentado contra o império capitalista: explodiu um carro-bomba no subsolo do World Trade Center, matando seis pessoas. O mesmo local foi alvo do ataque em 2001.
E, diga-se de passagem, Bin Laden não foi o único ex-aliado dos EUA que se volta contra a potência: Saddan Hussein e Yasser Arafat também haviam sido parceiros antes da execração pública de sua imagem pelos "democratas e republicanos".
Bin Laden, com a Al Qaeda nas mãos - um grupo ideologicamente forte e armado até os dentes - pode difundir uma propaganda contrária à ocupação estadunidense no Oriente Médio e repudiando o apoio ao Estado de Israel:

"Os EUA querem ocupar nossos países, roubar nossos recursos, impor agentes para nos governar e depois querem que concordemos com tudo isso. Se nos recusamos a fazer isso, dizem que somos terroristas. Quando crianças palestinas jogam pedras contra a ocupação israelense, os Estados Unidos dizem que elas são terroristas. Mas quando Israel bombardeou o edifício das Nações Unidas no Líbano enquanto ele estava cheio de crianças e mulheres, os Estados Unidos interromperam qualquer plano para condenar Israel. Onde quer que olhemos, encontramos os Estados Unidos como líder do terrorismo e da criminalidade no mundo", disse à CNN em entrevista de 1997.

Comentários

  1. texto muito bom e informativo. está me ajudando muito com o meu trabalho parabéns

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  2. Obrigado. Fico feliz em saber que estou ajudando de alguma forma. Esse é o objetivo do blog. Grande abraço.

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  3. Texto fantástico!! Me ajudou bastante!

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  4. gente, muda esse site aqui pelo amor de deus, tá difícil de ler :( ainda bem que tenho mouse pra selecionar, porque poxa... só queria estudar :( acho que vou tirar 0... não há oq fazer.

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