
Vivia-se, em meados do século XIX, o processo de formação dos Estados nacionais na América. Argentina e Uruguai, nesse sentido, estavam um pouco mais atrasados que o Brasil que, desde a independência (1822) vinha construindo-se como Estado nacional - na prática, a vinda da família real portuguesa para o Brasil (1808) já dava início a esse processo.
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Sonho de Rosas era reconstituir o Vice-Reinado do Prata, como era antes das independências na região. |
A situação na vizinhança era a seguinte: na Argentina, Juan Manuel de Rosas estava no poder desde 1829 e, no Uruguai, Manuel Oribe governava desde 1843. Rosas tentava consolidar o poder entre as províncias argentinas - ainda não havia um país unificado. Mas Rosas queria mais: ele alimentava o sonho de reconstituir o antigo Vice-Reinado do Prata, o que ameaçaria a soberania do Brasil. Oribe, do Partido Nacional (Blanco) uruguaio, estava ao lado de Rosas nessa empreitada. O resto estava contra. Quem era esse resto: os Colorados uruguaios (arqui-inimigos dos Blancos) e os governadores das províncias argentinas de Entre-Ríos (Urquiza) e Corrientes (Virasoro). Aliados ao Brasil, os oponentes de Oribe e Rosas lutavam pela defesa dos limites Brasil-Uruguai, a manutenção das independências, a defesa a livre navegação no Rio da Prata (fechado desde 1842 por Rosas), pela proteção das propriedades de brasileiros na fronteira com Uruguai e de brasileiros perseguidos por Oribe no Uruguai.
Para ficar mais claro quem estava contra quem:

Vencendo a guerra, o Brasil (quem mais investiu no conflito) acabou selando uma série de tratados que beneficiaram o Império e prejudicaram bastante o Uruguai:
- Tratado de Aliança: permitia a intervenção brasileira sobre assuntos internos da política uruguaia;
- Tratado de Extradição: possibilitava a devolução de criminosos envolvidos no roubo de gado ao país de origem. Aqui, cabe salientar que o Uruguai era muito prejudicado com o roubo de gado por parte dos gaúchos e, ao devolver esses bandidos ao Brasil perdia a garantia de que os delitos cessariam;
- Tratado de Prestação de Socorros: o Brasil auxiliaria o pagamento da dívida externa uruguaia em troca do controle da alfândega de Montevidéu, a principal fonte de receita do país;
- Tratado de Comércio e Navegação: gado uruguaio entrava no Rio Grande do Sul sem pagar exportação - ou seja, ficavam mais baratos para os gaúchos;
- Tratado de Limites: agora, o Rio Quaraí dividia os países. Assim, o Brasil ganhava territórios e podia navegar com exclusividade pela Lagoa Mirim e pelo Rio Jaguarão.
Para quem leu os tratados pós-Guerra, dá pra imaginar a indignação dos uruguaios com os prejuízos... Não é a toa que a situação no Prata demorou a se pacificar...
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