O território do Haiti foi conquistado pelos espanhois quando houve o "descobrimento" da América, em 1492 e foi cedido à França, em 1697, quando tornou-se importante cultivo de açúcar com mão-de-obra escrava africana. Esses escravos africanos, influenciados pela Revolução Francesa, rebelaram-se em 1791, liderados pelo ex-escravo Toussaint L´Ouverture, e conquistaram a abolição da escravidão no ano de 1794. Dez anos depois, em 1º de janeiro de 1804, a independência do Haiti foi proclamada pelo também ex-escravo Jean-Jacques Dessalines. Foi o primeiro país latino-americano a proclamar independência e era conhecido como a "república negra das Américas".
Como é costume na América Latina e, não por coincidência, no período da Guerra Fria (como ocorreu na maioria dos países de nosso continente) foi instaurada a ditadura sobre o comando do "Papa Doc", como ficou conhecido o presidente do país, o médico François Duvalier (1957-1971). Após o assassinato do "Papa Doc", o poder foi assumido pelo "Baby Doc", Jean-Claude Duvalier que manteve as repressões políticas e entregou o poder em 1986 a uma junta militar.
Só em 1990, houve eleições e o padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide foi eleito com 67% dos votos. Porém, houve um novo golpe militar e a ditadura novamente foi imposta no país até 1994, quando a ONU interviu garantindo a volta do Pe. Aristide ao poder.
Desde 2004, o país está sob intervenção internacional da ONU e é o mais pobre da América - cerca de 60% da população é subnutrida e mais da metade vive com menos de 1 dólar por dia. A situação ficou ainda pior após o terremoto de janeiro de 2010 que deixou mais de 120 mil mortos.
Como é costume na América Latina e, não por coincidência, no período da Guerra Fria (como ocorreu na maioria dos países de nosso continente) foi instaurada a ditadura sobre o comando do "Papa Doc", como ficou conhecido o presidente do país, o médico François Duvalier (1957-1971). Após o assassinato do "Papa Doc", o poder foi assumido pelo "Baby Doc", Jean-Claude Duvalier que manteve as repressões políticas e entregou o poder em 1986 a uma junta militar.
Só em 1990, houve eleições e o padre esquerdista Jean-Bertrand Aristide foi eleito com 67% dos votos. Porém, houve um novo golpe militar e a ditadura novamente foi imposta no país até 1994, quando a ONU interviu garantindo a volta do Pe. Aristide ao poder.
Desde 2004, o país está sob intervenção internacional da ONU e é o mais pobre da América - cerca de 60% da população é subnutrida e mais da metade vive com menos de 1 dólar por dia. A situação ficou ainda pior após o terremoto de janeiro de 2010 que deixou mais de 120 mil mortos.
Segue abaixo uma entrevista interessante tratando sobre o HAITI, esse país que está sendo muito comentado desde o ano passado e pode ser tema de questões nos testes vestibulares.
Brasileiro dispensado pela OEA no Haiti diz ter sido ‘porta-voz daqueles que não têm voz’
Rede Brasil Atual
29 de dezembro de 2010 às 15:24h
São Paulo – Ricardo Seitenfus vai mesmo deixar o comando das ações da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti. Em conversa telefônica com a Rede Brasil Atual, ele reafirma a versão de que o motivo de sua dispensa foi uma entrevista ao jornal suíço Le Temps na qual criticou a presença das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país centro-americano.
29 de dezembro de 2010 às 15:24h
São Paulo – Ricardo Seitenfus vai mesmo deixar o comando das ações da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti. Em conversa telefônica com a Rede Brasil Atual, ele reafirma a versão de que o motivo de sua dispensa foi uma entrevista ao jornal suíço Le Temps na qual criticou a presença das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país centro-americano.
“Provavelmente isso não tenha agradado a todo mundo, são 34 países-membros da OEA e é difícil agradar a tantos senhores, mas preferi agradar aos haitianos e à minha consciência”, resume. A dispensa foi recebida diretamente do secretário-geral da OEA, o chileno Miguel Insulza, em chamada telefônica no último dia 20. Insulza ordenou que o brasileiro tire férias do cargo de representante do secretário-geral no Haiti e, em janeiro, volte a Porto Príncipe apenas para se despedir dos colegas, encurtando o mandato que se encerraria em 31 de março.
Prestes, portanto, a voltar a exercer a carreira acadêmica na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Seitenfus ressalta que não fez críticas diretas às forças da paz da ONU (Minustah), mas à maneira como a comunidade internacional lida com o Haiti. De certa forma, o ex-representante da OEA reafirma aquilo que já havia feito em pelo menos duas entrevistas anteriores, em agosto de 2009 e em fevereiro deste ano, quando cobrou que a atuação militar desse espaço ao trabalho social de reconstrução do país.
[...] Na entrevista ao Le Temps, Seitenfus afirmou que o Haiti não era um caso para forças militares, já que não representava qualquer ameaça à comunidade internacional, e ponderou que queriam fazer um “país capitalista, uma plataforma de exportação para o mercado dos Estados Unidos, um absurdo.”
Com tantos componentes polêmicos, a conversou ganhou enorme circulação no Haiti e nas redes sociais. A repercussão é tamanha que o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, dedicou suas reflexões desta semana a elogios ao trabalho do brasileiro. “Pode-se ou não estar de acordo com cada uma das palavras do brasileiro Ricardo Seitenfus, mas é inquestionável que disse verdades preciosas”, escreveu o líder. Castro acrescenta que a ONU enviou a Minustah a pedido dos Estados Unidos, “criador da pobreza e do caos na república haitiana.”
Confira os principais trechos da entrevista:
Rede Brasil Atual – O senhor esperava ser dispensado?
Ricardo Seitenfus – Foi uma entrevista que dei em meados de novembro a um jornalista de Genebra. [...] Foi uma entrevista sem grandes pretensões a não ser fazer um balanço dos dois anos de observação da comunidade internacional na situação haitiana. [...] Falei da falta de um sistema internacional capaz de enfrentar situações como a do Haiti. O Haiti é bem mais complicado, bem mais difícil do que simplesmente enviar soldados. Então, foi mais uma espécie de prestação de contas e de auxílio à comunidade internacional, de fazer com que vissem isso. Foi feito de boa fé.
Rede Brasil Atual – Como o senhor viu a reação à entrevista?
Ricardo Seitenfus – Não imaginava a repercussão, sobretudo no Haiti. O Haiti é sempre surpreendente e me surpreendeu mais uma vez. Houve uma unanimidade, a esquerda, a direita, o governo, a sociedade civil, todos de acordo com o que eu disse. Me tornei uma pessoa pública muito querida. Também nas redes sociais houve repercussão porque há uma diáspora de quatro milhões de haitianos espalhados pelo mundo. Simplesmente fui o porta-voz daqueles que não têm voz. [...]
Rede Brasil Atual – Fidel Castro emitiu um texto elogioso a seu trabalho e com críticas às atuações da OEA e da ONU. Como o senhor vê esses elogios?
Ricardo Seitenfus – É uma grande surpresa dialogar com Fidel Castro, um personagem da história mundial. Cuba está muito envolvida na luta contra o cólera no Haiti, temos quase 1.300 médicos, algo que se fala pouco. A imprensa mundial praticamente desconhece o trabalho extraordinário que os médicos cubanos fazem no Haiti junto à população. Creio que tanto Fidel Castro como eu temos um só objetivo, que é o bem-estar do povo haitiano.
Rede Brasil Atual – Os dois concordam com a avaliação de que o povo haitiano vem sofrendo ao longo do tempo pela ousadia de romper com o colonialismo entre os séculos XVIII e XIX.
Ricardo Seitenfus – O pecado original do Haiti foi cometido em 1804, no momento em que os escravos conseguem uma dupla libertação: um país e o rompimento dos grilhões da escravidão. A libertação haitiana veio muito antes do que veríamos depois, que é a luta contra o colonialismo, contra o racismo e contra a escravidão. O Haiti cometeu esse crime que não se pode apagar, que foi fazer com que os condenados da terra pudessem se revoltar.
Aí começa uma grande caminhada solitária do Haiti nas relações internacionais. Nunca sabem como tratar o Haiti. Quando não se sabe tratar, a gente ou se utiliza da violência ou da indiferença. Felizmente, a partir de 2004 a América Latina se interessou pelo Haiti. Espero que esse interesse demonstrado essencialmente em torno dos militares possa se transformar em interesse cultural, social, e que possamos melhor conhecer aquele povo tão extraordinário. [...]
Prestes, portanto, a voltar a exercer a carreira acadêmica na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Seitenfus ressalta que não fez críticas diretas às forças da paz da ONU (Minustah), mas à maneira como a comunidade internacional lida com o Haiti. De certa forma, o ex-representante da OEA reafirma aquilo que já havia feito em pelo menos duas entrevistas anteriores, em agosto de 2009 e em fevereiro deste ano, quando cobrou que a atuação militar desse espaço ao trabalho social de reconstrução do país.
[...] Na entrevista ao Le Temps, Seitenfus afirmou que o Haiti não era um caso para forças militares, já que não representava qualquer ameaça à comunidade internacional, e ponderou que queriam fazer um “país capitalista, uma plataforma de exportação para o mercado dos Estados Unidos, um absurdo.”
Com tantos componentes polêmicos, a conversou ganhou enorme circulação no Haiti e nas redes sociais. A repercussão é tamanha que o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, dedicou suas reflexões desta semana a elogios ao trabalho do brasileiro. “Pode-se ou não estar de acordo com cada uma das palavras do brasileiro Ricardo Seitenfus, mas é inquestionável que disse verdades preciosas”, escreveu o líder. Castro acrescenta que a ONU enviou a Minustah a pedido dos Estados Unidos, “criador da pobreza e do caos na república haitiana.”
Confira os principais trechos da entrevista:
Rede Brasil Atual – O senhor esperava ser dispensado?
Ricardo Seitenfus – Foi uma entrevista que dei em meados de novembro a um jornalista de Genebra. [...] Foi uma entrevista sem grandes pretensões a não ser fazer um balanço dos dois anos de observação da comunidade internacional na situação haitiana. [...] Falei da falta de um sistema internacional capaz de enfrentar situações como a do Haiti. O Haiti é bem mais complicado, bem mais difícil do que simplesmente enviar soldados. Então, foi mais uma espécie de prestação de contas e de auxílio à comunidade internacional, de fazer com que vissem isso. Foi feito de boa fé.
Rede Brasil Atual – Como o senhor viu a reação à entrevista?
Ricardo Seitenfus – Não imaginava a repercussão, sobretudo no Haiti. O Haiti é sempre surpreendente e me surpreendeu mais uma vez. Houve uma unanimidade, a esquerda, a direita, o governo, a sociedade civil, todos de acordo com o que eu disse. Me tornei uma pessoa pública muito querida. Também nas redes sociais houve repercussão porque há uma diáspora de quatro milhões de haitianos espalhados pelo mundo. Simplesmente fui o porta-voz daqueles que não têm voz. [...]
Rede Brasil Atual – Fidel Castro emitiu um texto elogioso a seu trabalho e com críticas às atuações da OEA e da ONU. Como o senhor vê esses elogios?
Ricardo Seitenfus – É uma grande surpresa dialogar com Fidel Castro, um personagem da história mundial. Cuba está muito envolvida na luta contra o cólera no Haiti, temos quase 1.300 médicos, algo que se fala pouco. A imprensa mundial praticamente desconhece o trabalho extraordinário que os médicos cubanos fazem no Haiti junto à população. Creio que tanto Fidel Castro como eu temos um só objetivo, que é o bem-estar do povo haitiano.
Rede Brasil Atual – Os dois concordam com a avaliação de que o povo haitiano vem sofrendo ao longo do tempo pela ousadia de romper com o colonialismo entre os séculos XVIII e XIX.
Ricardo Seitenfus – O pecado original do Haiti foi cometido em 1804, no momento em que os escravos conseguem uma dupla libertação: um país e o rompimento dos grilhões da escravidão. A libertação haitiana veio muito antes do que veríamos depois, que é a luta contra o colonialismo, contra o racismo e contra a escravidão. O Haiti cometeu esse crime que não se pode apagar, que foi fazer com que os condenados da terra pudessem se revoltar.
Aí começa uma grande caminhada solitária do Haiti nas relações internacionais. Nunca sabem como tratar o Haiti. Quando não se sabe tratar, a gente ou se utiliza da violência ou da indiferença. Felizmente, a partir de 2004 a América Latina se interessou pelo Haiti. Espero que esse interesse demonstrado essencialmente em torno dos militares possa se transformar em interesse cultural, social, e que possamos melhor conhecer aquele povo tão extraordinário. [...]
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