
Parece absurdo mas, após 51 anos do golpe de Estado que depôs Jango e deu início ao período mais violento da história do Brasil, há pessoas indo às ruas e pedindo a volta da ditadura! Precisam de mais aulas de História, galera! Isso sim!
Bom, não vou aqui retomar o quanto a ditadura foi traumática no campo social, político, econômico, estratégico... Aproveitando a leva de postagens sobre o Rio Grande do Sul, falarei um pouco sobre um dos mortos pela ditadura iniciada em 1964 cuja trajetória tem forte ligação com o RS e cuja viúva é uma das maiores militantes pelas lutas dos familiares dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura. Falarei de Luiz Eurico Tejera Lisboa, por memória, verdade e justiça!
Foto de Ico com a esposa e a mãe em 1967. Ao lado, foto de 2012, no mesmo local, com a esposa e a mãe. Ico não estava mais ali. Os sorrisos também não... |
Suzana, sua esposa, começou a buscá-lo desde então. Localizou o corpo de seu esposo anos depois numa vala clandestina do cemitério de Perus - SP, onde desaparecidos políticos haviam sido enterrados como indigentes. Registrado com um nome falso, o corpo foi identificado e Ico foi o primeiro desaparecido político a ter o corpo localizado.
Ico era conhecido como "poeta guerrilheiro" pois escrevera diversos poemas. O mais famoso é aquele cujo trecho segue na imagem abaixo. O dom é de família. Ico é irmão do compositor e cantor gaúcho Nei Lisboa.
Suzana Lisboa, em entrevista ao Sul21, em 2013, falou sobre a dor de conviver com o desaparecimento: “Para mim, quando ficou provada a morte dele, foi o começo e o fim de um caminho. Do ponto de vista da emoção, eu tinha certeza que ele estava morto, mas é diferente quando descobri, quando achei um inquérito com o nome falso dele. Essa certeza íntima é fundamental. Já é difícil conviver com a morte, com a quase morte, então, é insuportável”.

É isso que queremos de volta? Eu não quero!
Encerro com um dos poemas de Luiz Eurico:
É HORA
Há guerreiros da espada
Há os homens que dão um braço
Pelo fragor da batalha
Eu
Sou poeta da revolução
A minha pena é uma espada
E o meu canto
Se eu canto
É um canto de guerra
Guerreiros
A verdadeira vitória
Está na justeza da luta
Colocai-vos na liça!
A grande batalha já se desenrola
E ninguém lhe está indiferente
Quem cala, compactua
Quem baixa as armas
Aceita a opressão
Fortalece os tiranos
Escrito em 07.06.1967
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